Foto: Prefeitura de Montes Claros.
RENILSON DURÃES
( Brasil – MINAS GERAIS )
Nasceu no povoado de Mocambo Firme, distrito de Miralta, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil
Professor de Yoga e terapeuta corporal, graduado em Filosofia.
Integrante do grupo Transa Poética.
Integrante do grupo Transa Poética e participante do Festival Nacional de Arte Contemporânea Psiu Poético desde a primeira edição há 35 anos.
Entre seus livros destaca-se “Dourado e Rubro”, 2022.
NÓS DA POESIA. – volume 8 – Brenda Marques Pena, org. São Paulo, SP: All Print Editora, 2022. 119 p.
ISBN 978-65-5822-152-4 Ex. bibl. Antonio Miranda
Gato do Mato
Eu sou gato do mato
Eu ainda sou bicho do bicho selvagem
Sou leve, solto, disfarçado
Viro toco para não ser visto
Sou parte do esconde-esconde da natureza
Sou parte da magia
E da brincadeira de vida e morte
Sou da influência do sol a marte
Levo tombos e rasteiras
Dou cambalhotas e me viro no ar
Sou um gato selvagem
Disfarço-me entre humanos
Faço-me de domado
E salto pra fora do caos
Na hora em que o bicho que me pegar
Sou um gato selvagem
Espreito a hora do abismo
Esperando o que há de vir.
Há Consolações
Há alguma consolação:
Da Filosofia, da Poesia
Das batidas e baladas de um velho blues.
A cota de vinho estoicamente recomendada
Chega ao seu final.
Há prova de fogo — vestibular concorrido
Para “a justa medida das coisas”.
Carrego dores que parecem remediáveis
E na maioria das vezes, outras, incuráveis.
Nesse nível de curta dimensão
Deixo um poema semipronto
Deixo a comida passar do ponto
Esqueço minha taça, minha pena
Em qualquer canto.
Aceito meu ato falho,
Meu buraco negro
Em algum excesso.
Certas angústias não cabem
Nesses parcos e poucos versos.
Faço performances diárias,
Dou o meu show, visto a persona
Para conseguir navegar
Num oceano de misérias
Numa teia de maya
Na luta com o velho samsara
Em busca de cumprir o dharma
E fazer as pazes com saturno
Ir além da roda que aqui não para.
Minha Deixa
Deixo minha sombra, meu rastro
Meus fantasmas e meus dissabores
Deixo perpetuar amores — desejos sublimados
Viagens inacabadas — lustres de paisagens
Deixo minha neuroses
Meu ácido em duplas doses
Deixo minha alegria
E minha representação de felicidade
Deixo minha fobias disfarçadas
E minhas dores camufladas
Deixo minha prosa inacabada
Meu jeito caótico — minhas inquietações
Minhas vontades, vaidades e inibições
Deixo meu entorpecimento
E o gosto momentâneo — mas sublime
Do êxtase de uma taça de vinho.
*
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Página publicada em junho de 2023
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